sábado, 24 de julho de 2010

Indignação do Centro de Babel

Transeuntes passam e ultrapassam

Se empurram e se esbarram

Em uma louca competição por aquisição

Não pensam no próximo como irmão

Mas olhem para o lado

Veja o que está no chão

São viciados, esfarrapados

Miseráveis sem condição

Essa é São Paulo

Capital de mil sintonias

Que dia a dia convivemos

Com essa louca correria

Declaro aqui minha indignação

Da maior cidade dessa nação

São mais de 11 milhões

Que vivendo aqui não nega

Do maior centro urbano

Do Sul da grande América

O centro da cidade

É uma imensa babel

Observo, me deparo com pessoas

provando do amargo fel

a mendigagem prova grande

da desumanidade

de um sistema bem cruel

O capitalismo que é selvagem

Não é latente! É evidente!

Segregando toda essa gente

Acumulando miseráveis

Solidariedade está ausente

E vejamos mais

Em eleições, essa massa é capaz

De rejeitar a Cristo elegendo Barrabas

Vemos nas ruas quantas crackolândias

Como zumbis (mortos vivos)

As condições de crianças, adultos, jovens

Sem teto, moribundos

Trocam tudo, vendem de tudo, roubam de tudo

Se sujeitam a tudo por troca de uma pedra

Criptonita enviada dos infernos

Perambulam de um lado a outro

Com cachimbinho e isqueiro nas mãos

Na nóia do crack, parecem monstros

Disputam com ratos em época de frio

Espaço até nos esgotos,

Enrolados em imundos cobertores

Caminho por aqui e relato isso com grande desgosto.

Não fosse necessário

Nem pisava nesse centro

Mas não adianta dar as costas a isso tudo

Pois intenciono em lutar

por um sistema humanitário

que reverta isso algum momento

Primordialmente o que se passa

de uma forma nebulosa

percorro ruas e praças

são pessoas numerosas

indo e vindo de trabalho

procurando emprego

ou correndo de GCM

os ambulante correm risco

de perder seu mínimo sustento.

Deparamos com preconceitos

Diversos e muitos gêneros

Deparamos com misérias

Grandes vícios e seqüelas

E o consumo predatório

Usem mais, fumem mais

É morte certa

Nem de singelo velório

São milhões de universos

Em um constante vai e vem

Lotam metrô e os ônibus

Se espremem em trânsitos e nos trem

Essa é São Paulo

Cidade da diversidade, da maldade

Dos planos, dos grandes edifícios

E dos poderosos bancos, cidade do desperdício

E de pessoas de todos os cantos

Cidade da oportunidade e da perdição

Esse é o centro da cidade

Que vemos essa péssima condição.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

CÁRCERE DA ALMA

O poder da palavra

A ilusão que nos abraça

O reflexo de nosso eu

A verdade que nos regaça

Agravante solidão

nos plurais de qualquer verbo

sou ovelha e sou leão

individuo errado ou certo

Dessa minha língua

Sou errante em gramática

Me dê alguns números

E lhe escrevo um texto em matemática

Sou nada, por um momento

Sou tudo, ao mesmo tempo

Revelando meus intuitos de loucura

Impulsionado em desejos e fissuras

Sou completo e complicado

Posso dizer que nunca conformado

Meu cárcere é meu corpo

Que por dentro revela-se um louco

Em túnel preso a escuridão

Sou refém!

Em meu limite chego além.

E num horizonte enxergo a luz

De um caminho que me conduz

E sutis rimas que me enobrece

Das lágrimas secas

Minha alma se faz chorar

Lembranças frias e grotescas

Sou poeta e sou louco

E um espírito bem disposto

A caminhar com esse meu carma

Sendo o corpo cárcere de minha alma.