sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Há beleza na divergência

Há,
algo de belo
em uma discussão
em meio a paz,
há o que temer!

Nos termos e vocabulários
Extraímos o extraordinário
O essencial
Pra foder tudo!

Há sempre algo de belo
Nas ásperas de um movimento
na partilha
no partido
na divergência!

Há,
o que dizer do crime
que cometemos
por nossa injusta inconsciência
E ainda nos comprometemos.

...

Eu apoio
acho lindo,
vão em frente!
Mas não me comprometo!


domingo, 13 de outubro de 2013

Ácrata


O que tenho
São meus protestos
Malditos versos
Que amam a desordem
Essa sim
Quer-me a toda hora
Com pênis ereto
Obelisco
De afirmação machista
Com perna aberta
Pra trepar revolução!
E a sociedade
Ao gozo das imposições de ordem
Princípio de suicídio
Afundando-se em papéis da burocracia

O que tenho
Além dos protestos
Mais mesquinhos
Pequeninos
Na imensidão
das necessidades
Versos agraciados
Que se curvam
A gramática da vaidade
Da pontuação e da concordância
Respeitando a forma culta de uma palavra.
Foda-se!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ciúmes

Ele é navalha
E Sangra a pele
Couraça e armadura
É a brecha
fissura
 granito
E grita...
Pelo ódio
Transbordando
Alagando
Residências
E ao pedir clemência
É ainda mais cruel
Com lágrimas
De seu fel
Insano
No engano
Na mentira
Corja
Que assassina
A esperança!
Numa dança
Derretendo-se
Como ártico
Que lentamente
Despiu-se
Mostrando sua nudez.
Não perdendo
A característica
Fria e calculista
É o medo
Verdade absoluta!
A vergonha de viver.
A causa e o efeito.
A imoral
O defeito
A imortal inconsciência.
De sentir-se menos.
É a venda nos olhos.
O ato e o remorso.
Perseguição, 
preguiça.
É o pelo no ovo.
Cobiça!
É o amor em regresso
Possesso
Em possuir
Dominar e exigir.
As correntes
Que nos prende.
A não avançar
Não prosseguir.

(Paulo Rams)

domingo, 8 de setembro de 2013

Bloco Negro!

Nos muros da cidade
Palavras de ordem
Progresso pichado
A bandeira da pátria assassina
Propagando anarquia
Como teoria? 
A prática!
Linha de Frente
De uma guerra.
Velada por um império
Não anunciada
Mas a muito praticada
Sujeitos de sorte
Que escolhem a própria morte
Única alternativa
De manter-se vivo
Como escuridão!
Tropas em prontidão
Esperando um pé
Entram em ação
Máscaras, 
Escudos.
E as armas improvisadas 
São nossos próprios punhos
Sangue, 
Choro,
E a luta libertária 
Acompanhada por:
Risadas e gargalhadas
Não da criança
Segurando arma engatilhada 
Ou molotov acesso
E ao mesmo tempo 
Contendo o soluço 
E limpando lágrimas
Mas, 
do oficial de farda
Que cumpre ordens
Da pátria que pariu
Tal indignação.

Nosso dever?
Apanas abrir os caminhos!
Deixando nosso rastro
De passagem 
Bloco Negro



sexta-feira, 12 de abril de 2013

Duelo esgrimista


Os livros
Que eram apenas enfeites
Em estantes
Quando a gente
Ainda ignorante
Não conhecia
As velhas armas

O opressor
Em gládio
Uns com os outros
Baixaram as guardas

Hoje a literatura
Denomina-se Esgrima
Duelo fino em que o corte
O açoite, o sangue jorrado.
São os mesmos
           dos antigos gladiadores
Que na arena romana
Divertiam àqueles que oprimiam.

Ao perseguirmos
O melhor dos coliseus
Matamos a nós mesmos
E o essencial se perde
Na força de seu tempo
De sermos quem realmente somos.
Humanos.
Marginalizados.
Em busca de um lugar ao sol.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Eu sou Suspeito (In Memorian)


Desconfiança!
Gerando os medos psicológicos.
Do qual:
Eu sou suspeito.

A ignorância disfarçada
Subordinada
A nossa tática de guerra
Eu 
Sou 
Suspeito

Em fuga
Com minha válvula de escape
Refugiado e escondido
Dos cachorros que latem
Eu 
Sou 
Suspeito

O canil,
O covil de víboras vil
Cruel
Num estilo doentio
Eu 
Sou 
Suspeito

Na mira de sua FAL
Na direção de uma ponto 40
No alcance da minha flecha que tenta
Da caneta que não inventa
Eu 
Sou 
Suspeito

No seu ódio
Por mim
Mortal
Nessa cultura imposta
Banal, 
Imoral
Fundamental
Na essência feita
Por ser marginal
Eu
Sou
 Suspeito

Por ter projétil
Cravado no peito
Por ser vitima de preconceito
Por ser periférico, pobre e preto
Eu 
Sou 

Suspeito

Por estar estirado
Na calçada
Com o corpo
Crivado de balas
Que não são doces
Mas...
Amargas
Eu 
Sou 
Suspeito

E por ser
Suspeito
Sou também
Mais um numero
Do genocídio
do ESTADO
O principal
CULPADO
O principal
SUSPEITO
Camuflado por touca de ninja
Ou uma farda sem identificação.

 "E"

Eu
Sou
Suspeito.