segunda-feira, 18 de abril de 2011

Suicida em potencial

Foi ao poço e caiu em seu fundo, depois de ter percorrido um longo espaço de lama. No seu rosto derramaram-se lágrimas, que materializadas em suas recordações sentia-se a mais infeliz da espécie humana.

Era o sacrifício que concretizava a maior de suas dores, viver, nunca fora nada daquilo que almejava, nem aquilo que agora experimentara, não havia reconhecimento de sua pessoa, diante da sociedade, ao que já tinha realizado.

E o que um dia pensava ter sido um amor, o havia rejeitado, menosprezado, humilhado. Não queria ter uma existência de individuo frustrado.

E no auge de sua angústia, seu coração endureceu-se, e esse peso enrijecido, compelia sua própria alma, negando tudo que já tinha feito e sem esperança alguma, do que ainda poderia fazer.

Até ali seu mundo era um oceano de ilusão, em nada mais acreditava.

Pensava seriamente em saltar de uma passarela, no meio de uma via movimentada em um fluxo constante de carros e caminhões, exterminando assim suas psicoses.

Ou mesmo compraria um revolver, de qualquer calibre, introduzindo assim um projétil em seu crânio, pensou também em afundar-se em uma grande quantidade de cocaína, que o levaria a uma overdose imediata, ou mesmo se atiraria nos trilhos de um trem de qualquer estação próximo a sua casa.

Não importava a forma pensava neuroticamente em exterminar-se.

De tudo isso nada fez, porém, já era um suicida em potencial e de todos os males que pensou em fazer consigo mesmo, fez aquilo que um covarde faria.

Viver se lamentando o resto de sua existência arruinada.

Acreditando que de todos os infortúnios o maior de todos foi ter nascido nesse mundo e sujeitar-se a viver por causa natural. Das conseqüências de sua covardia.

O mundo dele já não mais existia.

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